O meu lance com a Nigella foi amor à primeira vista. Apaixonei-me instantaneamente pela comida dela. Fácil, com muita coisa pré-pronta e calórica. O tipo de comida que gosto de botar pra dentro quando chego em casa. O tipo de comida que me inspira a ir pra cozinha. O tipo de comida que dá gosto preparar para aquela reuniãozinha só das amigas.
Nada contra as comidas saudáveis. Particularmente, adoro o Ottolenghi e outros chefs naturebas! Mas é meio fora da casinha não cozinhar nada de gordo (meio triste até).
O tchan da Nigella é justamente o fato de que a comida dela é comida de gente da vida real. De gente como a gente.
Além disso, ela está sempre sorrindo. É linda (gorda ou magra). Lambe os dedos enquanto cozinha (como eu!). E sai da cama para bater um pratão bem no meio da noite - e que se dane a dieta!
Não dá pra ficar imune. É uma mulher de verdade! Inspiração pura!
Talvez meu amor tenha me cegado e por isso eu não esteja chocada com a notícia de que ela usou cocaína (e maconha).
Não me entendam mal. Nunca usei nenhuma droga e sou radicalmente contra. Mas eu não consigo julgar a Nigella pelo que ela fez. A gente, que fica do lado de cá da telinha, tende a idealizar nossos heróis. Eles são perfeitos, lindos, divertidos. Não enfrentam um perrengue na vida. Levam uma vida de sonho. Mas faz bem lembrar que são apenas gente como nós.
Chifram e são chifrados. Amam e desamam. Têm momentos de baixa autoestima e outros de puro brilho. São capazes de dar a mais gostosa gargalhada do mundo e logo em seguida produzir o choro mais doído. São promovidos no emprego e demitidos sumariamente.
A vida da Nigella, por exemplo, parece muito mais difícil do que a minha. Ela tá na fossa, mas precisa parecer bem o tempo todo. Bonita o tempo todo. Sorridente o tempo todo. E estar casada com um cara violento é bem pior do que o que eu enfrento diariamente.
Esse pessoal famoso me dá pena. Viram adultos muito rápido. Precisam aprender a lidar com a enxurrada de dinheiro que passa a entrar na vida deles de repente (sem se deslumbrar loucamente). Têm que lidar com a tonelada de pessoas interesseiras que começam a pipocar em suas vidas. Precisam manter a sanidade e o pé no chão em meio a todo tipo de oportunidades.
Ufa! Não há santo que aguente.
Por isso, sinto que o mínimo que posso fazer nessas horas é não julgar a cocaína da Nigella.
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