Furadas do DF

31.7.13

Como em todo lugar, o DF também tem programas turísticos furados. Alguns furadérrimos. Mas como a gente só descobre depois de pagar a entrada... Já Elvis!

Caso queira economizar alguns pesos e usar seu tempo para outros programas, aproveite as dicas! Mas, lembre-se: meus comentários estão direta e absolutamente ligados ao meu jeito, aos meus gostos, à minha personalidade. Pode ser que você adore certas coisas que eu não curto. Aí, vale seguir a intuição!

Eu não entendo nada de arte. Nunca estudei o tema a fundo e também nunca tive curiosidade de aprender muito. Na verdade, tudo parece muito complexo. Apesar disso, sei admirar um quadro bonito. Ao menos, sou capaz de reconhecer que quem fez aquilo tinha técnica (no mínimo, fez algo que não sou capaz de fazer). Mas quando se trata de arte moderna... Não passa de conversa fiada. Sério. Caco de vidro aleatoriamente jogado no chão é arte? Uma bicicleta Caloi encostada em uma parede é arte? Um quarto pintado de vermelho? Ferro retorcido? Ah, para, né?! Ta aí uma coisa que me revolta profundamente! Pior ainda é a explicação da supostérrima arte. A pessoa junta um monte de palavras complicadas em uma mesma frase para a coisa parecer mais inatingível, evoluída. Mas não interessa. Vidro quebrado é vidro quebrado. E não a “desconstrução de uma existência amorfa que remonta a um paralelismo metafísico”. É por isso que passei apuros no Museu de Arte Moderna. Graças a Deus que lá estava o quadro Duas Fridas para salvar a tarde.

Não é que a Casa dos Azulejos não seja bonita. É um prédio interessante, do ponto de vista arquitetônico. Ainda mais por dentro. Pé direito alto. Escada imponente. Um mural do Orozco no primeiro andar. Mas, sério, não tem nada de mais. E a comida (hoje ela virou um restaurante, o Sanborn’s) é bem mais ou menos. Pule esse programa sem medo.

Todo mundo adora apreciar uma cidade vista de cima. A Torre Eiffel que o diga. Quer dizer, se a cidade for bonita. E se a vista valer a pena. Óbvio. Só subir e espiar uma cidade mais ou menos de uma janelinha mequetrefe, não vale. A Torre Latinoamericana não é de toda ruim. E a Cidade do México não é feia de tudo vista de cima. Mas não tem nada demais. E, como a torre é um dos programas turísticos mais caros da cidade (80 pesos), sugiro deixar de lado.

O Templo Mayor é um sítio arqueológico bem no centro da cidade, ao lado da Catedral. Um complexo sagrado entre muros no centro de Tenochtitlán (atual Cidade do México), do tempo dos astecas, destruído por Cortés. É um programa legal, interessante e, por isso, nem deveria figurar nesta lista de furadas. Eu só coloquei aqui porque, depois de visitar Teotihuacán, qualquer ruína vira fichinha. E, se você precisar escolher entre os dois, deixe o Templo de fora. Se for, aproveite o museu, ao final do tour. Minhas peças favoritas foram o monólito de Coyolxauhqui e a escultura de Chacmool.

O mesmo vale para o Antiguo Colegio San Ildefonso. O lugar é legal. Tem murais impressionantes dos mexicanos mais bombásticos. Mas, depois de conhecer o Palácio Bellas Artes, ele perde parte do charme. E vira dispensável.

Sonho de uma Tarde de Domingo na Alameda Central, de Diego Rivera, é uma obra-prima. Cada personagem que compõe o quadro foi colocado lá por um motivo. Tem pessoas famosas da época do artista mexicano. Bem legal. Mas quando fui ao Museu Mural Diego Rivera eu esperava um museu. Com obras de arte do mexicano. Para passar uma tarde toda me deleitando. Suspirando. Quando vi que era só um mural, brochei. Teria preferido uma visita a um museu dele de verdade, com mais obras para curtir (como o Museu Dolores Olmedo, que, infelizmente, estava fazendo a manutenção da parte dedicada a Diego e Frida)

Ouvir mariachis na Praça Garibaldi tem tudo para ser um programa divertido. Pessoalmente, adoro mariachis. E adoro a ideia de passar uma noite bebendo tequila e ouvindo aquelas músicas dor de cotovelo. Bem México. O problema é que não adianta só você estar na pilha. Seu companheiro tem que gostar muito do programa. E não foi o meu caso. Eu queria parar e ouvir cada bandinha de músicos, até pagar para que tocassem alguns hits para mim. Só que minha amiga achou aquilo tudo estranho. Não fazia questão de se aproximar dos músicos. Se recusou a pagar por música (e a deixar que eu pagasse). E fugiu o quanto pôde da tequila (tomou um microshot, forçada). Acabamos sentadas em um restaurante, acompanhadas de uma comida horrível e de um atendimento péssimo.

Em termos de comidas e lojas, entrei em muitas furadas. A primeira foi a Perfumes y Esencias Fraiche. Ao ler a dica, imaginei uma loja chique, que misturava fragrâncias na hora, compondo um cheiro único, só seu. Coisa diferenciada. High society. Me imaginei como uma artista que cria sua própria colônia. Mas, ao chegar à loja, o que vi foi um estabelecimento brega, com cheiros adocicados e perfumes a la filhos de Gandhy. Ninguém merece. A Dulcería de Celaya, com doces típicos mexicanos, é decadente, mal cuidada, com atendentes desmotivadas. Os doces são feios e têm cara de serem ruins. Acabei comprando dois para provar. Não eram fracassos totais, mas também não eram bons. Só que a loja me deixou deprimida. Já a Helados Siberia, em Coyoacán, tinha tudo para ser um achado. O local estava cheio. A decoração agradou. A variedade de sorvetes impressionou. Mas nunca comi um sorvete tão gorduroso e amanteigado em toda a minha vida!

O DF é muito bom

29.7.13

Agora que já falei sobre os programas imperdíveis para quem visita a capital do México, chegou a vez dos muito bons. É, estou falando daqueles passeios que são uma delícia, ainda que não causem uma combustão interna. Se tempo não é um problema, caia de cabeça na lista a seguir.

Como boa representante do sexo feminino, vou começar pelas compras. Aêêê!

Se o seu coração bate por artesanato colorido, criativo e acessível, não deixe de passar no Mercado La Ciudadela. Amplo, traz muitas opções para quem procura esqueletos, cerâmicas, prata, velas, caveiras y mucho, mucho más. Aos sábados, tem uma ferinha especial em San Ángel, na Plaza San Jacinto. Há bem menos opções que no Mercado La Ciudadela, mas é uma delícia andar por entre barraquinhas em uma praça com cara de cidade de interior. Parece que todo fim de semana é dia de festa. Tem bandinha, gente comendo na praça, crianças, doces... Uma riqueza! Na praça, tem ainda duas lojas com produtos de altíssima qualidade! É a Maria Bonita e o Ida y Vuelta. Entre, nem que seja para babar.

Sinceramente, nunca vi um parque tão cheio, tão bem aproveitado, tão agregador como o Bosque de Chapultepec (deixa o Central Park no chinelo). Milhares de mexicanos curtem (especialmente aos domingos) os 648 hectares desse bosque, que fica bem no meio da cidade. É como se não houvesse engarrafamento, conta a pagar, poluição, violência. Como se os problemas permanecessem congelados por um dia e tudo fosse só diversão. Pra lá de democrático, ele abriga um zoológico, uma feira, lagos, museus, o monumento a Los Niños Héroes e o fuefo Castelo de Chapultepec. Antiga residência dos presidentes do México, o castelo é recheado de extensos terraços e jardins bem cuidados (e dá de presente uma vista linda do DF). Como se fosse pouco, acolhe o Museu Nacional de História. Para apreciar tanta belezura, mais uma vez, prepare as pernoquitas roliças. É ladeira que não acaba mais!

(Vitral do Castelo)

Construída sobre um antigo templo asteca, a Catedral Metropolitana impressiona com uma fachada ricamente ornamentada de barroco espanhol, cúpula neoclássica e campanários gêmeos de 67 metros. A mistura de estilos arquitetônicos funciona. Talvez porque esteja no México e só no México o caos parece ter graça. Cada um se apaixona por alguma coisa. Tem o pêndulo, que acompanha a inclinação da Catedral, deixando marcas no chão. Curiosíssimo. Tem os órgãos de tubo e coro, favoritos da Tati, minha companheira de viagem. E tem a estátua de São Ramón, com pés recheados de cadeados e fitas de devotas. Elas acreditam que o ‘mimo’ ajude a acabar com as fofocas que correm em seu vilarejo. Nem preciso dizer que foi minha parte favorita! :)

(Sim, no México também tem piriguete mal falada)

Belo, belo, belo. O Palácio de Belas Artes é belo! Visto por fora, por dentro, de baixo pra cima ou de cima pra baixo. Belo e valiosíssimo! As paredes dos andares 2 e 3 são recheadas de obras dos muralistas mais famosos do México: Rufino Tamayo, Diego Rivera, David Alfaros Siqueiros e José Clemente Orozco. Do lado do Palácio fica o pequeno, mas impecável, Parque Alameda Central.

Para um momento mais espiritualizado, visite a Vila de Guadalupe, o mais sagrado santuário católico romano da América Latina (e mais visitado do mundo). Teria sido lá que a Virgem apareceu para o índio Juan Diego em 1531, pedindo a construção de uma capela (ele é o primeiro santo indígena das Américas, canonizado em 2002). A primeira basílica, consagrada em 1709, está afundando por causa do solo macio. A segunda, mais nova, fica ao lado e vive cheia. Mas há muito mais para apreciar por lá. Capelas, jardins, uma grande praça e até uma loja, cheia de artigos religiosos.

(Basílica antiga)

Por último, tem o passeio de trajinera, embarcação plana, pelos jardins flutuantes de Xochimilco (ou Chocomilk, nas palavras da Tati! Rs). Esse é aquele programa que, dependendo da pessoa, do humor de quem conduz o barco ou do dia da visita, pode subir para a lista de imperdíveis ou cair para as furadas. A ideia dos canais de água, construídos pelos astecas, é genial. E o caminho é formado por um cenário incrível de plantas e bichos. Mas a água de cor escura, o lixo boiando e as casas faveladas à margem dão uma depreciada no lugar. Ainda assim, o passeio de uma hora a bordo daquela embarcação colorida, cafona e tão mexicana foi uma delícia! Dica: o aluguel da trajinera custa 350 pesos por hora e não por PESSOA. Ou seja, pode combinar com um grupo de passear na mesma embarcação e dividir os custos!

(Canais de água dos astecas)

*Não consegui visitar o Palácio Nacional, sede do governo mexicano. Ele está fechado há quase dois meses por conta de manifestações que tomam conta da cidade! Mas só de saber que as paredes de granito e tezontle abrigam o mural mais famoso de Diego Rivera, Ciclo da História do México, já sei que o local entraria para esta lista.

Mercado La Ciudadela
Aberto: diariamente
Horário: 9h a 19h (no domingo, fecha às 18h)
Custo: zero
Como chegar: metrô Balderas

El Bazaar Sábado
Aberto: Sábados
Horário: 11h a 17h
Custo: zero
Como chegar: de táxi ou com o metrobus La Bombilla

Castelo de Chapultepec
Aberto: 3ª a domingo
Horários: 9h a 16h30
Custo: 57 pesos
Como chegar: metrô Chapultepec

Catedral Metropolitana
Aberta: diariamente
Horário: 8h a 20h
Custo: zero
Como chegar: metrô Zócalo

Palácio de Belas Artes
Aberto: 3ª a domingo
Horário: 10h a 18h
Custo: 35 pesos
Como chegar: metrô Bellas Artes

Vila de Guadalupe
Aberta: diariamente
Horário: 6h a 21h
Custo: zero
Como chegar: metrô Deportivo 18 de Marzo ou La Villa/Basílica

Jardins Flutuantes de Xochimilco
Aberto: diariamente
Horário: livre
Custo: 350 pesos por hora (não por pessoa)
Como chegar: metrô Tasqueña + Veículo Leve sobre Trilhos até a periferia da vila de Xochimilco + táxi até os embarcaderos

O lado imperdível do DF

28.7.13

O mundo é mesmo incrível. Tão grande e, ainda assim, nenhum lugar é igual a outro. Como pode? É coisa de Deus mesmo. Cada cantinho tem um jeito diferente, uma especificidade, algo que nos chama a atenção (para o bem ou para o mal, é bem verdade. Afinal, também existe afinidade quando o assunto é destino turístico).

Eu tenho a sorte de ter podido conhecer alguns locais bem especiais. Um luxo, em grande parte, proporcionado pelos meus pais, sempre muito generosos. Mais recentemente, rodo o mundo graças ao meu trabalho, ao meu esforço. É um prêmio que me dou, por bom comportamento (rs). Seja como for, sempre valorizei muito cada viagem. Cada oportunidade. Cada novidade. Cada surpresa.

Não foi diferente com a Cidade do México. Quer dizer, foi. Foi bem diferente. Quem leu meu último texto sabe do que estou falando. O México nunca vai ser igual a nenhum outro destino para mim. Foi, definitivamente, o mais sonhado. E, estranhamente, o sonho turístico que mais demorei a concretizar.

A viagem foi maravilhosa. Maravilhosa. Mas teve um lado negativo.

Bem, negativo talvez seja uma expressão muito forte. Mas vocês me entendem. E a culpa por isso pode ser minha. Antes de ir, ouvi de muita gente: “ó, não fique só na capital. Há cidades menores imprescindíveis. Imprescindíveis!”. Ainda assim, eu insisti. É que, com uma semana apenas, não queria ficar que nem louca, correndo de cidade em cidade, sem tempo para respirar e viver um local de cada vez, com paciência. Nunca fui de chegar, bater foto em ponto turístico e dar o local por conhecido.

Enfim, com a visita à Cidade do México apenas acabei sentindo que faltou conhecer o México dos meus sonhos. Aquele México que está por trás da cidade grande e cinza, do trabalho, da rotina, das obrigações. Aquele México da fé. O México que é colorido, apesar da miséria e da violência. O México que celebra a morte. O México que cultua caveiras e Catrinas. O México graças-a-Deus-que-sou-mexicano.

Eu já tinha sentido isso quando fui a Cancún. Aquele lugar é paradisíaco! Meu Deus, que praias! Que céu! Que mar! Mas, para mim, estar em Cancún não é estar no México. Aquilo não passa de uma reprodução barata do que os norte-americanos esperam de uma cidade de praia. Uma praia bonita, mas pasteurizada. Sem conteúdo. Sem brilho. Sem personalidade (a não ser pelos mariachis lindos do hotel e por uma comidinha mexicana deliciosa encontrada quase que por acaso, né Julinha?).

Vai ver que a minha ligação com o México vai funcionar na base daquela máxima: the third time's a charm. :)

Mas vamos ao que interessa. A Cidade do México não me mostrou tudo o que esperava do México, mas ela me surpreendeu em vários momentos. E até me fez chorar. De pura emoção.

(Pilar na entrada do Museu Nacional de Antropologia)

Imperdível. Imprescindível. Necessário. Assim é o Museu Nacional de Antropologia. Parece inacreditável um museu ser tudo isso. Mas não é. Não nesse caso. Todo e qualquer elogio é pouco. Ele é muito especial. Dos mais especiais que já visitei. Recheado de tesouros. De deixar qualquer um de boca aberta diante de tanta relíquia. Não só parada obrigatória. Primeira parada. Conhecer o Museu vai ajudá-lo a entender muito da história dos mexicanos. Se não puder percorrê-lo por inteiro, visite ao menos as salas Mexica e Teotihuacán. Ulalá! E, se bater a fome depois de torrar tanto neurônio, vá correndo ao restaurante do Museu. Bem gostoso! Tomei café da manhã por lá e fiquei apaixonada pelo chocolate quente deles!

(Réplica do cocar de penas de Quetzal que Montezuma 2º deu a Cortés)

Sem palavras. Assim fiquei ao visitar a Casa Azul. Não sei se você conhece alguma coisa da pintora Frida Kahlo, mas, mesmo para quem mal ouviu falar dela, a casa onde morou com os pais e depois com o marido, o excelente pintor Diego Rivera, é um ponto turístico a parte. O local só não tem mais personalidade que a própria Frida. Foi de arrepiar estar ali, lar de uma mulher tão incrível, talentosa, forte e que, ao mesmo tempo, apanhou tanto da vida (Ju Hada, como lembrei de você nessa hora!). Chorei. Não uma, mas duas vezes. A primeira, ao visitar o quarto de Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón, minha musa inspiradora (bastou olhar, na parede, esta frase dela: "Jamás en toda la vida, olvidaré tu presencia. Me acogiste destrozada y me devolviste integra, entera"). A segunda, ao conhecer seu jardim, um lugar com presença e cheio da mais pura paz. Pode ser que a experiência de visitar o hoje Museu Frida Kahlo tenha sido mais especial para mim do que para outras pessoas, uma vez que sou fridaholic e que já li várias das biografias da pintora mexicana mais incrível de todos os tempos. Mas, se eu fosse você, passava por lá. Sério. Aproveite e conheça o bairro Coyoacán, onde fica a casa. Antigamente uma cidade colonial, foi engolida pelo DF, mas ainda transborda charme.

(Jardim da Casa Azul)

É claro que no pacote dos imperdíveis tinha que entrar uma pirâmide. Afinal, o que seria do México sem as ruínas? Por isso, coloque no seu roteiro uma visita a Teotihuacán, fundado por volta de 100 a.C. São três (não uma) pirâmides imponentes. Prepare o tênis, o protetor solar e as coxas. Haja malhação para subir cada uma delas. Mas pode ter certeza de que, ao chegar ao topo, você nem vai se lembrar da trabalheira que deu. E prepare a máquina. Óbvio. Se você crê em alguma coisa, aproveite a chegada ao pico da(s) pirâmide(s) para ajoelhar, dançar, dar saltinhos, levantar as mãos ao céu ou seja lá o que você costuma fazer para entrar em contato com o seu deus.

(Pirâmide do Sol)

*Ah, os posts sobre a Cidade do México não terminam por aqui. Ainda vou falar sobre os lugares 'muito bons' e as 'furadas' do DF!

Serviço:

Museu Nacional de Antropologia
Aberto: 3ª a domingo
Horário: 9h a 19h
Custo: 57 pesos
Como chegar: metrô Auditorio ou Chapultepec

Museu Frida Kahlo/Casa Azul
Aberto: 3ª a domingo
Horário: 10h a 17h45 (na quarta, abre mais tarde, às 11h)
Custo: 80 pesos (mais 60, se for tirar fotos)
Como chegar: metrô Coyoacán

Teotihuacán
Aberto: todos os dias
Horário: 7h a 17h
Custo: 57 pesos
Como chegar: dá para ir de excursão (+- 550 pesos). Para os mais aventureiros (também conhecidos como pobres e murrinhas, tipo eu e a Tati), desça na estação de metrô Indios Verdes (3 pesos), saia na escada de letra J e, já do lado de fora, na rua, pegue um ônibus para as pirâmides (40 pesos).

Minha segunda obsessão

19.7.13

Quer coisa mais gostosa do que conhecer o mundo? Imagina só. Viver novas culturas, mergulhar em realidades totalmente diferentes da sua, provar pratos exóticos...

É por isso que eu amo viajar! É como se, ao sair de casa, você saísse também do seu mundinho, da sua rotina, dos seus problemas, e colocasse tudo em perspectiva. Não que a situação em que me encontro seja negativa. Nada disso. Mas é muito bom poder contemplar a realidade a distância e ver que as coisas não são tão ruins quanto se pensa. Ou então que tem muita coisa que vai bem do lado de cá.

E eu curto todas as etapas da viagem. O antes, o durante e o depois.

Planejar é viver antecipadamente aquele sonho. Você imagina a cama confortável, a comida saborosa, os passeios mágicos, as risadas, as baladas, as compras, o aprendizado. No durante, você vive tudo isso que sonhou, intensamente, ainda que as coisas saiam bem diferente do planejado. Você está ali, curtindo o momento, se entregando, enquanto tudo está em ebulição. E aí vem o depois: rever fotos, lembrar das histórias, rir pela quinta vez daquela piada interna, reunir os amigos para compartilhar as descobertas, distribuir os presentes...

Toda viagem tem um significado especial, mas meu próximo destino tem uma história muito particular.

Sempre quis conhecer o México. Desde criança. No colégio (de freiras), em uma das gincanas, cada turma deveria representar um país. À minha, coube o México. Foi amor à primeira vista. Cresci apaixonada pela bandeira deles, com suas cores fortes e vibrantes, a águia com a serpente no bico, os cactos. Confesso que à época não fui atrás de muita informação. Mas, aos poucos, o México tomou a iniciativa de se aproximar de mim.

Ouvia, vidrada, as histórias de quem havia conhecido o país. Sonhava com ruínas, o passado de glórias, o legado dos astecas. Já mais velha, passei a idolatrar Frida Kahlo, sua história de vida, suas tragédias mais íntimas, a casa azul em Coyoacán, o amor dilacerador por Diego, as pinturas atormentadas e tão cheias de vida...

Também tenho um fascínio inexplicável por caveiras. Se pudesse, teria um cantinho em casa dedicado só a elas.

Admiro ainda a forma como os mexicanos celebram a morte. A mudança para um lugar melhor, sem dívidas, cobranças, depressão ou câncer. Nós, ao contrário, amargamos profundamente a perda de cada ente querido.

Por tudo isso, estou que não me aguento. Claro que existe a possibilidade de ver frustradas minhas expectativas, pois elas são grandes e muitas. Ainda assim, estou em clima de festa.

E como eu sempre digo que toda viagem excelente começa com chatos imprevistos (todos solucionáveis), estou ainda mais esperançosa. Eu e minha parceira de viagem já tivemos nossa quota de terror e suspense. O passaporte dela, com o visto, sumiu do sistema de controle norte-americano. Justo eles. Tão certinhos. Tão responsáveis e pontuais. Graças a Deus (e ao Pedro), ele foi encontrado hoje, aos 45 minutos do segundo tempo.

Agora, a poucas horas da partida, estou pronta para viver um dos meus maiores sonhos e, quem sabe, ter certeza de que minha alma é mesmo mexicana.

Japa improvisado

18.7.13

Taí uma coisa que eu gostaria de saber fazer: comida japonesa. Ô trem gostoso!

O problema é que eu acho tudo muito complexo. Saber comprar o peixe exige muito conhecimento. Você praticamente precisa fazer um doutorado sobre o assunto. Cortá-lo então... Credo! Basicamente, é preciso nascer no Japão!

Aquela comida delicada não tem nada de simples. Quer dizer, olhando assim, de perto, antes dela mergulhar garganta abaixo e ser envolvida por um suco gástrico faminto, parece simples.

Aliás, tudo quanto é coisa japonesa é assim: delicada, fofa, aparentemente banal, com aquela cara de que qualquer criança daria contar de fazer. Mas não se engane. É tudo megacomplexo (pelo menos para mim, pobre mortal). E, confesso. Tudo que exige muita dedicação na cozinha, muito tempo de preparo ou muitas técnicas avançadas não tem meu apoio.

Não me entenda mal. Palmas para quem é capaz de fazê-lo e bem! Adoro ser cobaia dessas pessoas (ainda que não conheça ninguém próximo que conheça a arte da comida japonesa. Dammit!). Mas pedir que eu faça? Nemmmmmmmmm.

Quando o assunto é comida japonesa, atenho-me àquilo que faço bem: comer! Se pudesse (na verdade, se tivesse companhia), alimentaria-me de japa duas, três vezes por semana. A-do-ro! Peixinho cru, sushi... Adoro TUDO (só não continuo listando aquilo de que gosto porque, para ser sincera, eu mal sei o nome dos pratos. Eu sei. É ridículo. Ainda mais para alguém que gosta tanto de japonês e frequenta os lugares que servem esse tipo de comida com assiduidade. Mas, nesse assunto, sou uma dependente. Dependente de alguma amiga que domina os nomes ou dos adoráveis garçons treinados para ajudar os sem-termo).

E tenho meus favoritos. Em Brasília, para uma comida sempre boa, Nippon. Para uma comida japonesa diferente, Kojima (sendo bem sincera, nem sei se no Japão comem as coisas que servem no Kojima, mas dane-se. Eu finjo que é comida japonesa e nem preciso fingir que adoro)!

Mas tem uma coisa que dá para fazer em casa. Trata-se do shimeji. Quem diria que um fungo poderia ser tão bom? Melhor ainda, tão fácil de preparar? Pois é. E tem quem diga que ele possui níveis nutricionais elevados e baixo índice de calorias, duas coisas que os viciados por dieta veneram. O shimeji, segundo alguns estudos, também ajudaria no combate ao câncer e ao colesterol. Se você fazia cara feia para ele, acabei de transformá-lo em um shimeji addicted, né?! Com tanta coisa boa, você vai ter que começar a comer o tal do funguinho.

E pode deixar que vou ajudá-lo a tornar a experiência do shimeji muito mais linda. Com a ajuda de uma grande amiga. Minha querida, amada, idolatrada manteiga. Man-tei-ga. Até o som é lindo!

Há muitas receitas. Eu opto pela mais simples.

Pico cebola (branca ou roxa), refogo em uma frigideira com um pouco de manteiga e azeite (não o extravirgem, que só deve ser consumido frio para manter todas as propriedades benéficas) e adiciono o shimeji (retiro antes a parte mais dura do talo).


Assim que ele estiver mais molinho, coloco shoyu e pronto. Um prato que fica pronto em dois, três minutos.


*Não reparem o garfo. Estava tão faminta que pulei a parte chique do hashi.

Para quem não se importa em gastar mais tempo na cozinha, tem uma receita do chef Mario Tucillo que parece ótima! Se você se animar, depois conta aqui no blog o que achou!

Bolo mármore

16.7.13

Ele é lindo. Cheiroso. Macio que só. E vem recheado de pequenas surpresas que garantem uma explosão de prazer a cada mordida.

Estou falando da minha receita favorita de bolo mármore - ou bolo preto e branco, para os mais íntimos.

Claro que isso não significa que você tem que gostar da minha versão (aqui, um parênteses. Quando digo 'minha versão', na verdade, quero dizer 'aquela que testei e que mais me agradou e por isso virou a receita oficial daqui de casa quando o assunto é bolo mármore' - e não 'minha versão' no sentido de que fui eu que inventei. Esse tema, aliás, rende uma crônica. Mas fica pra depois).

Voltando ao protagonista do dia...

Bolo mármore é aquela coisa fabulosa. Primeiro, porque tem chocolate. E tudo que leva chocolate é, no mínimo, excepcional(exatamente como leite condensado, outro ingrediente que, sem dúvida, tem alguma espécie de pacto com o diabo). O chocolate, ainda que inicialmente inserido como peça decorativa, só para dar aquele tchan à parte branca, altamente sem graça, sempre teve destaque, pelo menos para mim. Desde pequena, espero o bolo ser partido para então rodá-lo de um lado a outro só para ver onde estão as maiores concentrações de massa preta - e garantir, assim, o pedaço perfeito!

Depois, porque cada bolo mármore sai de um jeito. Um mais lindo que o outro. Como se tivessem sido desenhados manualmente, um por um, pelos anjos protetores de quem se aventura na cozinha. Eles são tão lindos e fascinantes que eu poderia muito bem passar horas na frente de um (desde que partido), só curtindo suas curvas sinuosas. Bom, horas é exagero. Até porque, depois de tanta contemplação, não haveria bolo. Apenas a memória do que ele um dia foi.

Talvez por tudo isso, hoje bateu uma vontade louca de assar bolo mármore. Não deu outra. Fiz assim que cheguei do trabalho. Horas depois, a casa ainda mantém o cheiro inebriante do bolo mármore recém-assado. Aleluia! Sinto-me em dia de festa. Meu estômago então...

Guarde essa receita. Ela vale ouro! Principalmente, por conta da parte do chocolate. Molhadinha como você nunca viu.

Bolo mármore

Ingredientes

2 ½ copos de açúcar
½ copo de cacau em pó
¼ copo de Karo
2 ½ colheres (chá) de baunilha
2 2/3 copos de farinha de trigo
2 colheres (chá) de fermento em pó
½ colher (chá) de sal
200 g de manteiga sem sal, temperatura ambiente
4 ovos
1 copo de leite, temperatura ambiente
1 copo (170 g) de chocolate meio-amargo picado (ou gotas)

*O copo é aquele tradicional de requeijão

Modo de Preparo

Numa panela, misture ½ copo de açúcar, o cacau e o Karo com ½ copo de água fervente. Misture bem e leve ao fogo até começar a ferver, mexendo ocasionalmente. Assim que ferver, desligue o fogo e junte a baunilha. Reserve.


Unte as duas formas redondas de tubo (buraco no meio). Pré-aqueça o forno a 180° C.

Num recipiente, misture a farinha, o fermento em pó e o sal. Reserve.

Na batedeira, bata a manteiga com os 2 copos de açúcar restantes. Bata bem até formar um creme leve e fofo. Em velocidade média, adicione os ovos, um por um, batendo bem entre cada ovo. Diminua a velocidade da batedeira e adicione os secos alternando com o leite, em três vezes, sempre começando e terminando com os secos. Adicione o chocolate picado, mexendo delicadamente com uma espátula.


Divida a massa em quatro partes iguais. Uma quarta parte deve ser misturada à calda de chocolate. Alterne as partes brancas e pretas na forma. Para dar o efeito mármore, enfie o palito até o fundo da forma e, com movimentos circulares, faça ondas no bolo, levantando e abaixando o palito para ter certeza que as camadas se misturaram.

Dessa vez, assei uma parte em forminhas de cupcake!


O restante foi para a forma normal! E, neste momento, parte dele deve estar passeando pelo aparelho digestivo dos meus pais! :)

Limpando cogumelos

15.7.13

Hoje cedo eu recebi um puxão de orelha por causa da receita dos cogumelos! Aiiiiiiii...

Quando vi a bronca se aproximando, me encolhi todinha. Em posição de guerra, bradei: manda!!!

Enquanto me agachava na cadeira, na fração de segundo que antecedeu a queixa, imaginei mil possibilidades. Mas rapidamente me convenci de que o motivo só podia ser minha decisão de postar, logo de cara, com tão pouco tempo de blog, uma receita tão saliente, tão saidinha. "Mariana, o que vão pensar de você? Com um post desses, sobre cogumelos afrodisíacos, é óbvio que você vai sair na foto como moça nada séria." O que veio a seguir me mostrou que ando um pouco paranoica (confesso que já estou acostumada às percepções distorcidas de quem sou, em parte graças ao meu jeito, mas culpa também do que sai no Perdeu, Playboy).

Imaginem só o alívio ao ouvir que o problema, na verdade, foi não ter colocado o passo a passo bem explicadinho da receita. Ufa. É que tem gente que adora ler todas as dicas, das mais simples às mais complicadas - seja por falta de conhecimento, para refrescar a memória ou porque é mesmo o estilo da pessoa dissecar a informação, entender cada ponto e só então colocar a mão na massa.

Seja como for, desculpem-me. Sempre faço isso. Acho que tem a ver com o fato de dar menos importância a certas partes que me parecem, digamos, naturais para quem se aventura na cozinha. E aí me esqueço de quando comecei e de como toda dica era bem-vinda. Muito bem-vinda.

Como nada é tão óbvio que não mereça uma explicação, aqui segue um vídeo excelente, bem didático, de como limpar cogumelos!

História de amor

12.7.13

Oi. Meu nome é Mariana e esta é a minha história de amor.

Nos conhecemos há seis meses. É. Você tem razão. É mesmo pouco tempo. Ainda mais para chamá-la assim, de um jeito tão oficial: ‘minha história de amor’. Mas, fazer o quê? É assim que me sinto.

O mais curioso é que, muito antes desse período de convivência, já estava completamente apaixonada. E olha que, no início, a distância entre nós era abismal. Acredite. Quando digo abismal, quero dizer a-bis-mal.

Como não a gente não tinha como se encontrar, nos falávamos com uma frequência tolerável, bem aquém do que eu gostaria, mas era a frequência possível. Ainda assim, e mesmo por trás de tantos silêncios e coisas não ditas, me apaixonei.

O mais louco de tudo é que, antes mesmo de começarmos a nos comunicar, eu já sonhava com meu amor. E sabia que o que teríamos entraria para a (minha) história.

Nos sonhos, meu sentimento era tão intenso que parecia até coisa de outro mundo. Um amor indescritível. Uma felicidade impossível de esconder. Uma sensação de sinergia, química e afinidade infinitas. A delicadeza do que temos hoje já era palpável nos sonhos.

Esses têm sido os meses mais intensos e felizes da minha vida, marcados por um amor especial, um amor único. Que venham muitos outros e que você nunca deixe de adoçar meus dias.

Ali, te amo!

Rubaiyat

11.7.13

Não foi amor à primeira vista. Quer dizer, os olhos se apaixonaram, mas o estômago, não. Enquanto todo mundo enchia a boca para elogiar a comida, eu gostei mesmo foi da figueira secular que abraça o salão do restaurante. Isso em São Paulo, onde conheci pela primeira vez o Rubaiyat. Fui duas vezes, incentivada pelas companhias. Mas, nos dois momentos, saí com a mesma impressão. A feijoada estava ok e o outro prato foi tão insignificante que nem me lembro se se tratava de carne, peixe ou massa.

Mas minha opinião mudou radicalmente ontem, após visitar a unidade do Baby Beef Rubaiyat em Brasília.

Não sei se foi pelo prato que pedi, acertadíssimo, se é porque a casa é nova e a preocupação com o atendimento de excelência ainda é prioridade (a abertura foi há menos de um mês) ou se foi a carne que ficou feliz por ser servida às margens do belo Lago Paranoá. Só sei que estava divina!

Do começo ao fim, a experiência foi impecável. O lugar é lindo, o atendimento é bom e o couvert , uma riqueza, como diria a minha amiga Ju! Azeitonas, salame, abobrinhas... Muito gostoso! Mas imbatível mesmo é o pão de queijo! Sério, dá para passar a noite à base dessas bolinhas amarelas, que passaram a ocupar o primeiro lugar do meu ranking "pão de queijístico"(em segundo lugar, vem o pão de queijo de um posto de gasolina meio lascado que fica em frente à TV Brasília! Surrealmente bom! Depois vem o seu, viu, mãe?!)!

A decisão do que comer no jantar foi moleza. O garçom sugeriu dois cortes: a picanha summus, com gordura por fora, e o baby beef, com gordura por dentro. Como minha cabeça é a de uma pessoa obesa, não pensei duas vezes: baby beef! De acompanhamento, purê de mandioquinha, um vício meu.

Suspirei o tempo todo enquanto devorava a carne. Gemi, sorri, cantei e quase chorei de emoção. É, sou assim de emotiva, principalmente quando o tema é comida bem feita. Estava tudo tão gostoso e foi tão bem servido que nem ataquei a sobremesa. E olha que tinha panqueca com dulce de leche, do original.

Graças ao baby beef, o Rubaiyat ganhou o pedaço do meu coração que havia perdido. E por causa do baby beef, carne boa agora subiu de nível.

Quibe assado

9.7.13

Eu sei que o quibe é um prato típico do Oriente Médio. Mas, honestamente, parece que foi inventado no Brasil. Como negar que ele se encaixa perfeitamente na lista de salgadinhos obrigatórios servidos nas festas de criança, ao lado de coxinhas, empadas e rissoles? Como fingir que ele não é um dos destaques da nossa chamada comida de boteco? Impossível esquecer que ele desce mais do que redondo com uma cerveja bem gelada, que, convenhamos, também é a cara do Brasil! E é bom lembrar que seu acompanhamento preferido é o limão, ingrediente chave da nossa mundialmente aplaudida caipirinha! Quer mais? De tão versátil, só pode ser brasileiro. Afinal, nós somos o povo do jeitinho! E o quibe é chegado num jeitinho...

Ele pode ser servido de acordo com a preferência do cliente: cru, assado, frito. Pode ser recheado ou puro e aceita uma variedade de temperos. Realmente, é uma comida ao gosto do freguês.

Não posso dizer que tenho uma versão favorita. Como sou boa de garfo, vou do cru ao frito num piscar de olhos e sempre fico em cima do muro na hora de escolher o melhor! Mas dá para afirmar com convicção que a versão mais popular aqui em casa é o quibe assado.

Ele é prático, não deixa a casa com cheiro de fritura e ainda vem com surpresinha (que nem o Kinder Ovo). Melhor: agrada todo tipo de convidado. A minha versão leva canela, que dá um toque surpreendente a uma receita por vezes tão "batida", e requeijão, porque não há nada mais gostoso do que aquela mancha branca borbulhante em meio a um mar marrom de carne e trigo!

Espero que gostem!

Quibe assado

Ingredientes

300g de carne moída
200g de trigo
1 cebola grande
4 dentes de alho
½ pote de requeijão
20 folhas de hortelã
1 maço de cebolinha
Salsinha a gosto
1 colher (chá) de canela (fica exótico!!)
Pimenta, azeite e sal
Manteiga para untar

Modo de Preparo

Em uma vasilha, coloque o farelo de trigo e cubra com água quente até que o trigo fique submerso. Deixe repousar até o trigo absorver toda a água. À parte, misture os demais ingredientes. Unte um recipiente de vidro com manteiga e adicione metade da mistura. Por cima, coloque o requeijão e complete com o restante do quibe cru. Alise bem por cima e faça quadrados com a faca. Finalize com 30g de farelo, para dar aquela crocância. Regue com azeite. Leve ao forno pré-aquecido (180º) até que fique dourado por cima. Ao sair do forno, regue com azeite.

*É verdade que a o quibe assado vai bem com salada verde, mas, de tão bom, pode ser devorado sozinho!

Pelo direito de comer (e viver) em paz

8.7.13


Em que momento paramos de comer por prazer e passamos a dissecar tudo o que entra (ou não) em nossos pratos? O que aconteceu para que nos tornássemos tão obcecados com gorduras, carboidratos, fibras e sódio? Por que, de repente, virou essencial ler os rótulos dos alimentos? E o que motivou essa categorização de alimentos em bons ou maus?

Para mim, são todas perguntas sem respostas. Mas, ainda que não conheça os porquês, posso sim dizer que todas essas questões se encaixam, infelizmente, nessa tendência (atual) grotesca de controlar o que comem as pessoas ou, pior, nessa mania de fazê-las sentir-se mal por não serem magras.

Pessoalmente, sempre lutei para ter um corpo bonito. Não tem sido uma luta cega, afinal, comer coisas que me dão prazer ainda é muito mais importante do que ser magra. Ainda assim, em vários momentos, principalmente quando é hora de colocar o biquíni, sinto-me mal por não ter malhado mais, por não ter feito aquela dieta da moda ou por ter deixado novas celulites se instalarem (definitivamente) em minhas pernas.

Mas estou farta disso. Estou farta de achar que deveria ter o corpo das meninas que saem nas capas das revistas. Até porque, mesmo as mais lindas, são vítimas do photoshop! Se elas, tão magras e perfeitas, precisam de retoque, o que dizer de uma pobre mortal como eu?

Com certeza, foi por isso que me identifiquei com a Alana, do Eating from the Ground Up. Um de seus textos recentes mostrou-me que essa revolta não é só minha, mas também evidenciou que tenho muito trabalho pela frente. Alana virou um modelo a seguir. Ela não tece comentários desabonadores sobre seu corpo, não faz dieta, nem encolhe a barriga.

O texto de Alana foi tão inspirador que merece ser replicado. Quero que vocês, mulheres lindas e cheias de qualidades, se preocupem menos com seus corpos e mais com seus corações. Que possam se amar por quem são e não pelos seus físicos. Que possam amar suas rugas, provas vivas de que viveram intensamente. Que possam curtir suas dobrinhas, resultado concreto de momentos deliciosos, pratos únicos e viagens inesquecíveis.

Boa leitura! E o meu muito obrigada à Alana.

Os dias de salada ainda estão por vir
(Por Alana, do blog Eating from the Ground Up)

Caro você que decide o que vai sair nas capas de revista que ficam expostas na fila do caixa do supermercado, já chega!

Estou cansada de olhar para suas manchetes ofensivas e mulheres photoshopadas que, provavelmente, nem se reconhecem ao ver suas fotos. Estou cansada de tanta besteira sobre perda de peso e dietas da moda para ficar com o corpo em dia para o verão. Estou cansada de ouvir você falar sobre “abdomens mais sarados" e sobre como “perder sete quilos em três passos simples". Estou cansada de ver você associar comida e corpo na mesma frase em todas as capas de revista. Estou cansada de todas as asneiras ditas em relação aos corpos das mulheres grávidas e estou ainda mais cansada dos elogios às celebridades que “perderam o peso da gravidez”, como se elas não tivessem um personal trainer à disposição, um chef para fazer sucos para elas durante todo o dia e uma babá para cuidar dos bebês enquanto elas fazem dieta e se exercitam o dia todo, afinal suas carreiras dependem disso. Eu sei que você tem anunciantes para agradar, mas eu também sei que há uma alma e uma consciência aí dentro, em algum lugar. E chegou a hora de pôr um fim nisso.

Este não é um pedido egoísta. Tenho duas filhas que, de forma otimista, coloquei neste mundo oito e dez anos atrás. Venho fazendo meu melhor para manter a minha cabeça fora d’água. Como muitas mulheres que eu conheço, meu corpo tem uma aparência diferente da que tinha antes de me tornar mãe. Como a maioria das mulheres, fui criada por outras mulheres que também faziam seu melhor, apesar das capas de revista nas filas dos caixas dos supermercados. Eu me viro bem. Não sou uma dessas mulheres que permanece horas em frente ao espelho (a não ser, é claro, que esteja experimentando um passo de dança novo). Eu não encolho minha barriga. Eu nunca faço comentários depreciativos acerca do meu corpo. Eu uso biquíni sem medo ou vergonha, mesmo que eu esteja mais gordinha ou tenha descuidado um pouco da depilação no inverno. Eu nunca associo o que como com o meu físico – somente com a forma que a comida me faz sentir. Eu não faço dieta. Eu entendo que sou o modelo mais próximo das minhas filhas e levo isso muito a sério. Mas eu não posso fazer isso sozinha.

Este pedido não é só por mim. Nem mesmo por minhas meninas. Vai muito além disso.

Tenho certeza que, por trabalhar nos meios de comunicação, você está ciente de alguns dos desafios que enfrentamos hoje em dia em nosso país e neste planeta. Eu sei que sempre há desafios e que nós sempre os venceremos. Eu também sei que aquilo que você e eu encaramos como desafio pode ser diferente conforme nossas inclinações políticas ou crenças religiosas. Mas acho que concordamos que a lista de coisas que temos que enfrentar é longa e que não vai desaparecer.

E o que isso tem a ver com as manchetes e capas de revistas no supermercado do meu bairro? Muito. Porque, nas próximas décadas, nós vamos precisar dos corações e cérebros de cada pessoa para desvendar como enfrentar essa lista de coisas por fazer de forma a realmente ajudar o planeta e as pessoas que vivem nele. Vamos precisar das minhas meninas, de todos os amigos delas e daqueles amigos que ainda não conhecemos. Vamos precisar das suas meninas também e dos seus meninos, se for esse o seu caso. Eu acho que cada um deles sofre por causa disso de diferentes maneiras, mas estou supondo coisas demais. E tenho certeza de que você vai concordar que, se podemos fazer qualquer coisa para criar uma geração de pessoas que não se distraia além do normal com seus defeitos cada vez que vê seu reflexo, temos a obrigação de fazê-lo. Imagina só o que eles poderiam fazer com toda aquela energia inevitavelmente DESPERDIÇADA para fazer com que se pareçam com suas idiotas capas de revista. Vamos precisar de toda a capacidade intelectual deles nos próximos anos. Vamos precisar da confiança, do amor e da paixão que têm tudo para surgir se apenas eles se livrarem de todas essas distrações. Imagine só o que eles podem fazer se pararmos de distraí-los.

Minha lista de pedidos é curta, porque sei que temos que começar com alguma coisa. Sei que para você esta questão é muito maior do que isso e que você também é mais uma vítima de algo maior. Sei que estou simplificando demais tanto o problema quanto a solução para que caiba em uma página. Sou uma escritora e esta página é a ferramenta que tenho. Cada um de nós tem suas ferramentas – usarei a minha e você, a sua. Eu também entendo que você não pode simplesmente começar a colocar imagens de pessoas normais fazendo coisas legais com suas vidas nas capas das revistas (ainda que não seja uma má ideia, verdade?). Mas eu tenho que ir ao supermercado e, muitas vezes, levo minhas filhas comigo. Então, vamos começar com isto:

1. Maneire no photoshop. Celebridades e modelos tendem a ser mais magras e radiantes e ter a pele mais aveludada do que a maioria de nós, de qualquer maneira, então que tal deixar as coisas assim? Não há necessidade de deixá-las mais magras, mais radiantes e mais aveludadas.

2. Chega de manchetes apenas sobre o corpo. Chega de “5 passos para uma barriga lisinha!” ou promessas de perda de peso rápida. Todas sabemos que é isso não passa de um truque sorrateiro para fazer com que as pessoas folheiem a revista. E a reportagem não passa de uma série de conselhos bobos. Não consigo acreditar que não haja uso melhor para esse espaço.

3. Pare de falar de comida como se fosse algo a temer. As sobremesas não são apenas uma forma de gratificação. Elas podem ser coisas deliciosas que comemos após o jantar. A comida não é uma forma de trapaça ou traição. Pare de fingir que há listas mágicas de comidas que farão com que as pessoas se sintam mais bonitas. Pare de falar mal de certas categorias de comida. Algumas pessoas se sentem melhor quando não comem certas coisas, mas isso é uma coisa normal. E tenho certeza de que quanto mais brigam com as pessoas sobre o que elas deveriam ou não comer, maior é o esforço para distraí-las dos seus desejos, quando, se deixadas em paz, elas naturalmente irão, é o que acho, escolher os alimentos corretos.

E enquanto estamos aqui falando de comida, podemos acabar com essa ideia de que salada e legumes são virtuosos ou que comê-los representa uma forma de sacrifício ou punição por ter comido outras coisas? Mais do que isso, podemos simplesmente nos livrar da ideia de comida como punição? Estou começando a achar que, ao categorizar os alimentos como bons ou maus, as outras classificações se perdem – quer dizer, as classificações mais importantes. Que tal delicioso? Gratificante? Plantado e colhido com as próprias mãos?

Isso é loucura. É hora de parar. Eu realmente preciso de sua ajuda com isso. Estou fazendo meu melhor, mas não posso fazê-lo sem você.

Afrodisíacos

4.7.13


Eles eram simples cogumelos Paris, acostumados a uma vida de mesmices. Num dia, adornavam omeletes sem graça, daquelas feitas às pressas só para matar a fome repentina na calada da noite; noutro, boiavam dilacerados em meio ao caldo suculento do estrogonofe de domingo. Isso quando não eram sufocados em meio a camadas de carne, salada e pães requentados, em hambúrgueres de um palmo de altura.

Assim, a vida seguia. Até que, um dia, apareceu uma oportunidade única, irrecusável. E os desprezados cogumelos viram ali a chance de reescrever o futuro da categoria.

Eles, que antes eram servidos às fatias, agora posam de rei. Vão à mesa inteirinhos, com direito a coroa. São os cogumelos recheados.

Como se não bastasse tamanha evolução, eles acabaram de dar mais um passo em direção ao estrelato inquestionável – e arriscaria dizer que estão perto de entrar para a história. Graças à Carla.

Minha doce amiga Carla foi apresentada ao tal cogumelo recheado ontem à noite, durante um evento privê. O interesse foi imediato – devo admitir que ela é quem estava mais nervosa com o encontro. A excitação foi tamanha que Carla nem sabia como proceder diante do recheadinho. Confesso que tive que dar uma mãozinha para o clima fluir.

Foi quando o tal cogumelo viu o que nunca antes tinha visto: o céu da boca da Carla. E ela sentiu o que nunca antes tinha sentido: uma euforia inusitada, altamente explosiva, ao entrar em contato com aquele cogumelo.

Eis que, extasiada, ela para de gemer e solta: “Esse cogumelo é afrodisíaco”?

Imediatamente, caí na gargalhada, mas por muito pouco tempo. A minha volta, todas as demais mulheres também se contorciam sempre que um desses cogumelos recheados descia goela abaixo.

Foi aí que me dei conta de que aquela mistura de Paris, bacon, cream cheese e cebola era, no mínimo, diabólica. E, como parecia fazer muito bem a quem a encarava, achei que não havia por que duvidar de seu poder afrodisíaco.

Então, se você está precisando levantar seu astral (ou seja lá o que mais você pretende levantar), está na hora de conhecer os cogumelos que mudaram a vida da Carla.

Cogumelos afrodisíacos
(tirada do Mountain Mama Cooks)

Ingredientes
227g de bacon
½ xícara (chá) de cebola picada finamente
1 dente de alho picado
450g de cogumelos Paris (branco)
110g de cream cheese
¼ xícara (chá) de queijo parmesão ralado
Sal e pimenta do reino

Modo de Preparo

Pré-aqueça o forno a 180oC. Corte o bacon em quadradinhos. Em uma panela, frite o bacon até que ele fique crocante. Enquanto isso, tire os talos dos cogumelos e pique-os em pedaços pequenos (veja aqui como limpá-los também). Quando o bacon estiver pronto, guarde-o e separe duas colheres de sopa do óleo restante para fritar a cebola. Após cinco minutos, junte o alho e os talos dos cogumelos. Acrescente o cream cheese e o parmesão e deixe os queijos derreterem. Acrescente o bacon e tempere. Recheie os cogumelos e leve ao forno por 20 minutos.

O segredo

Bolo de cenoura

2.7.13

Tem certas coisas que marcam nossa vida para sempre. No meu caso, muitas dessas coisas são comidas. Assim como a música (outra de minhas paixões), certos pratos são a cara de diferentes momentos da minha existência. Mas é claro. Tem sempre aqueles clássicos culinários que vão bem em qualquer ocasião. E o bolo de cenoura é um desses.

Ele pode ou não ter calda de chocolate (se tiver, que seja abundante). Ele pode ser assado em um tabuleiro retangular, com cara de velha guarda, ou em forminhas de cupcake, bem modernoso. Não importa a apresentação. Ele é e sempre será um clássico.

Quando penso em bolo de cenoura, imediatamente sou remetida à minha infância. Uma infância pura e agitada, repleta de amigos e atividades. Brincadeiras na escola e na rua. Pique esconde, elástico, queimada. Troca de confidências por meio de cartas criptografadas com a melhor amiga... Entre uma diversão e outra, uma, duas ou três fatias de bolo de cenoura para renovar as energias - ou simplesmente garantir um sorriso adicional naquele rosto sem as marcas do tempo.

Hoje, apesar de ser uma balzaquiana convicta, o bolo de cenoura continua fazendo parte da minha galeria de melhores memórias infantis (daquele mundo sem malícia, sempre doce). Comer bolo de cenoura é como voltar a ter tempo para jogos, não ter contas a pagar e viver numa realidade utópica de felicidade infinita. Vai ver que é por isso que eu sempre me rendo a uma fatia dessa gostosura. Melhor ainda quando preparada pela minha irmã caçula, que tira do forno sempre, sem exceção, o melhor bolo de cenoura que já comi!

Se você é como eu quando o assunto é bolo de cenoura, aqui segue a receita infalível da minha mana.

Aproveite! Não é todo dia que um pedaço de bolo nos permite reviver nossos tempos de Peter Pan!

Bolo de cenoura

Ingredientes
3 cenouras grandes
2 xícaras (chá) de açúcar
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de óleo
4 ovos
1 colher (sopa) de fermento em pó

Modo de preparo

Primeiro, rale as cenouras. No liquidificador, bata-as com o açúcar, o óleo e os ovos. Coloque a farinha e o fermento em uma tigela à parte e aí adicione o creme batido. Asse em forno médio por 40 minutos.

Cobertura (que não pode faltar!)
1 e ½ xícara (chá) de leite
1 xícara (chá) de achocolatado
½ xícara (chá) de açúcar
1 colher (sopa) de margarina

Junte os ingredientes em uma panela. Leve ao fogo e deixar apurar por 20 minutos mais ou menos, mexendo de vez em quando.

*Desta vez, fiz sem calda, mas com gotas de chocolate (é só colocar o quanto desejar na massa)!

Obcecada

1.7.13

Não sei como, nem quando começou. Só sei que virou uma obsessão. No início, tinha aquele jeitão de “faço porque quero ser a esposa perfeita” – com certeza, em algum momento em que andava de bem com o sexo oposto – ou talvez tenha pensado em algo como “faço porque é aquilo que toda mulher deve fazer” – resignada com o papel feminino na sociedade. Mas, graças a Deus, a coisa mudou de figura. Até porque nenhum desses motivos é realmente merecedor de tanto esforço e dedicação. Hoje, minha máxima é apenas “faço porque gosto de como me faz sentir”.

Caso não tenha ficado claro, estou falando de cozinhar.

É impressionante o poder que a cozinha exerce sobre mim – e ele só cresce, a cada dia que passa. Mesmo quando me sinto acabada, após um longo dia de trabalho, ou estou introspectiva, sentindo-me sozinha, a cozinha é o melhor dos remédios. Antes, isso seria diagnosticado como a síndrome da dona de casa Poliana, mas o mundo é outro. Aleluia.

Tem alguma coisa na mistura de texturas, cheiros e cores que me impressiona. Itens antes sem vida ganham novas personalidades em questão de minutos. Basta que não falte inspiração. E quando sobra criatividade, até um simples ovo vira comida de chef – o que não quer dizer que a comida do dia a dia não seja digna de capa de revista.

Mas o mais esplêndido da cozinha não é ver a alface levar o papel de protagonista ou acompanhar a transformação de jiló em iguaria (tudo bem, apelei. Jiló não vale. Troquemos por berinjela), e sim todo o sentimento, o amor e a entrega que fazem parte de cada ensopado, assado, cozido e até da mal falada fritura (na minha cozinha, ela tem vez. Esse papo de gordura localizada é para as fracas).

Cozinhar é 100% doação. Cozinhar é fruto do amor mais puro, do carinho mais nobre, do afeto mais verdadeiro. É por isso que hoje em dia cozinho cada vez mais para um grupo seleto. Longe de mim dar tanto para quem não merece. E essa decisão tem garantido momentos memoráveis.

Lembro-me do prazer de fazer um almoço para a minha família. O abre e fecha das bocas e seus alimentos mastigados, talheres tilintando apressados, cotovelos em um duelo silencioso... Apertado, barulhento e, ainda assim, inesquecível.

Também memorável foi o primeiro elogio da minha mãe. Ela, que para mim é um exemplo de dedicação e honra à boa comida, se deliciou com algo que eu fiz. Eu. Sem ajuda. Foi como parar de usar fraldas ou começar a andar.

E como esquecer as noites em que comi uma omelete sozinha, sentada na cama, tendo como companhia apenas atores projaquianos e uma taça de um vinho meia boca? Gostoso do mesmo jeito.

É por isso que digo que cozinhar não é só para quem sabe – pior ainda é dizer que deve-se ter medo de errar. Cansei de mastigar frango duro, massa mole demais, molho sem sal ou tempero. Recentemente, chorei copiosamente quando vi meus cupcakes sabor donuts afundarem na forminha diante de um par de olhos esperançosos – e famintos. Erra-se muito até ganhar confiança e adquirir destreza. E quando se acha que a coisa está dominada, erra-se de novo. Só para evitar a soberba.

Não importa se o tempo é curto, se a grana (para os ingredientes) é mínima e se o talento é escasso. Entregue seu coração à cozinha e ela devolverá em troca um mundo surpreendente, rico, apaixonante. Daqueles que a gente não pensa em largar mais.
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