Uma das coisas mais difíceis da vida adulta é conviver com a morte. Saber que as pessoas próximas, que enchem sua vida de brilho, uma hora vão partir é duro demais. Mas é uma realidade, um fato. É o tipo de coisa que sabemos que, mais dia, menos dia, vai acontecer. O pior é que a gente nunca parece conseguir processar a perda de uma pessoa querida.
Não importa se ela passou anos lutando contra um câncer ou se morreu de repente. A despedida é igualmente dolorosa, dolorosa demais. Meu trauma em relação ao tema vem desde a primeira vez em que perdi minha avó, a primeira pessoa da família que eu vi partir. Saber que ela nunca mais me daria um abraço, um beijo ou um conselho foi algo mortal. Saber que nunca mais coçaria seu braço, um carinho íntimo, só nosso, deixou uma rachadura no meu coração. Que dura até hoje.
Foram semanas sofrendo, chorando, sonhando com ela. Fiquei paralisada ao vê-la ali, no caixão. E nunca mais me recuperei. E toda vez que alguém próximo morre, o máximo que consigo é dar um abraço nos familiares que ficaram.
Não gosto de ver caixão, acompanhar velório, nem de participar de enterro. Talvez por isso admire tanto a cultura mexicana. Acho que gostaria de ser como eles. De celebrar a morte. Ou, ao menos, de não encará-la como algo tão devastador.
A notícia de que mais uma pessoa querida se foi me atingiu em cheio ontem à noite. Sinto-me mais uma vez perdida, arrasada. Nessas horas, esforço-me para tentar tirar uma "lição" da morte. E acabo sempre pensando em duas coisas.
Primeiro, TEMOS que aproveitar cada minuto desta vida. Curtir a família e os amigos. Viajar. Beijar. Abraçar. Dizer 'eu te amo'. Rir e chorar. Estudar, ler, romancear. Dormir tarde ou aproveitar a manhã. Ter filhos ou não. E, principalmente, devemos dizer às pessoas importantes o quanto elas nos são caras. Afinal, amanhã elas podem não estar mais aqui.
Segundo, viver o trauma de perder alguém nos faz dar menos importância aos outros problemas da vida. Briga com chefe e coração partido ganham status de bobagem, automaticamente. Não quer dizer que não sejam coisas relevantes. Muito menos quer dizer que não se possa lamentar, chorar, reclamar ou brigar. Mas, diante de algo tão heartbreaking e definitivo, o resto é o resto.
E quanto menos problemas a gente carregar, quanto menos energia ruim arrastarmos, melhor. Mais tempo para ser feliz e aproveitar a vida. Tio, vá em paz. Parabéns por ter vivivo uma vida tão bacana. E obrigada por me fazer lembrar do valor da vida.
amada (expressão carinhosa que vc me impregnou) vc tem o poder de por pra fora tudo o que sentimos vivenciando as mesmas situações. Me lembra muito a escritora Marina Colasanti que conheci pessoalmente nos anos de 1970, e que me convidou para o despertar e o refletir. Enfim, vc é uma essência divina!!!!!! Superar a dor da perda é para poucos. Querida, esteja a pessoa viva ou não. Vc vive 2 lutos em um ano. é Muita coisa pra uma pessoa só. Portanto, permita-se chorar, sofrer e questionar tudo mais que está ao seu redor. É preciso sofrer, é necessário admitir perdas e nunca se esqueça: a vida traz tb ares de mudança e tb situações que levam à felicidade. Beijos. Oremos! Com amor, Sol.
ResponderExcluirSolzinha, obrigada pelo carinho diário e pelo apoio constante! Que seu sol interior continue a iluminar nossas vidas e mostrar o lado bom da vida! Beijos!
ExcluirVocê disse tudo, irmã! Devemos saber aproveitar a vida e dizer o quanto nos amamos!
ResponderExcluirPois é, lindona! Às vezes, me pego pensando o quanto passamos correndo pela vida e aproveitamos pouco a família, os amigos... Lembra daquele texto que diz que a mãe se forçou a andar mais devagar por causa da filha "lenta"? E, com isso, ela conseguiu ver outras coisas que nunca via, pela pressa constante... É isso!
ExcluirOlá Mari abreu . é exatamente isso assim que me sinto devastada , a primeira pessoa que vi morrer foi meu vovô e minhas queridas , vovós , depois o meu outro vovô , depois o meu sogro depois minha mae , e minha sogra e meu irmao , caçula agora dia 19 de julho a minha irmã caçula , o mais triste foi ver a dor das crianças dela . a mais velha perdeu o pai em um acidente de moto quando tinha quatro anos agora a mae .enfim me sinto estranha com todas estas coisas , gostaria de compartilhar este texto seu no facebook , com sua permissao é claro . obrigada beijosssssssssssssss.marlene cegatto .
ResponderExcluirOi, Marlene! Primeiro, sinto muito por todas as suas perdas. Cada uma delas deixa uma marca, leva um pedaço da gente. E vai ficando muito difícil mesmo conviver com essa ausência, esses buracos que vão ficando ao longo do caminho. A grande lição é aprender a viver com a dor, deixar a saudade se manifestar em sua plenitude, mas não permitir que isso tire o resto de brilho/vida que existe em nós. Que Deus a abençoe e que você possa sentir paz, apesar de tudo. E, claro, sinta-se à vontade para compartilhar o texto! Um beijo!
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