Acho que foi por causa do boxe. Depois que comecei a socar o professor duas vezes por semana, passei a curtir essa coisa de luta. Na verdade, sempre fui tomboy ou Maria-tomba-homem, segundo o Wikipédia (Choquei. Confesso que nunca ouvi esse termo antes. Credo. Maria-tomba-homem soa horrível).
Sempre peitei meninos e meninas, passei a infância disputando espaço e poder na escola e na rua e adoro comandar qualquer grupo de qualquer coisa. Eu sei. É feio. Mas eu sou assim (tudo bem. Dei uma amenizada nesse lado selvagem, mas ainda sou chegada a uma liderançazinha).
Com certeza, foi esse amor recente pelas lutas que me influenciou a reservar espaço na agenda, durante a visita à Cidade do México, para assistir à lucha libre, uma forma de wrestling profissional.
A parte mais complicada da realização desse sonho foi convencer o concierge do hotel a arrumar um táxi para mim. Ouvi desde “é longe. O táxi vai sair caro” até “o que uma dama vai fazer na Arena, em meio a tantos populares e brigas da pior espécie”?
Não adiantou. Embarquei, animadíssima, para ver a tal luta.
Cambistas na porta, filas, máscaras à venda, tacos para um lanche rápido. Tudo o que se espera encontrar na entrada de um evento esportivo. No Brasil, no Afeganistão ou no México (nem sei por que citei o Afeganistão. Nunca estive lá e nem sei como a coisa funciona).
Comprar o ingresso foi tranquilo. O engraçado foram os olhares. Não é todo dia que duas branquelas pagam para ver luchadores .
Durante a noite, rolam várias lutas. Há luchadores e luchadoras. As brigas eram entre grupos, compostos por três integrantes cada.
A apresentação de cada luchador é hilária. Os gordinhos são os mais engraçados. Cada um tem sua música e seu figurino. Parte do espetáculo fica por conta das dançarinas, gostosonas contratadas para empolgar a plateia. Mas as lutas em si...
O início foi meio decepcionante. Lutas ensaiadas, golpes falsos, um cenário muito fake até mesmo pra mim. Nem a plateia se mexia.
Mas, com o passar dos minutos, a coisa mudou de cena. Os trios que se apresentavam eram cada vez melhores e mais empolgantes.
A plateia rapidamente reagiu. De repente, uma banda começou a tocar em meio ao povão. Apareceram as torcidas organizadas. As salvas de palmas tornaram-se constantes. Gritos de incentivo partiam de todos os cantos da arquibancada. Virou um carnaval fora de época.
Foi impossível não vibrar loucamente. Aplaudir. Gritar. Uhuuuuuuuu!
Surreal mesmo foi acompanhar a reação de uma menina de uns cinco anos, sentada próxima a mim. A mais empolgada das empolgadas. Foi então que me apaixonei por aquele “esporte” e por como aquelas máscaras esdrúxulas e acrobacias aparentemente sem sentido eram capaz de mexer com cada célula daquele minúsculo ser.
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